terça-feira, 14 de abril de 2009

Palavras soltas, pensamentos desconexos


Conversas ao pé de ouvido são mais que conversas… são mundos compartilhados… são caminhos trilhados na agudeza e amplitude de um sentimento que une, que moldura. Um ser falou ao outro na singularidade de um momento de paixão, de sentimento, de busca, de mãos que se procuram, de bocas que se encontram para explodir na imensidão de um beijo tórrido, efusivo. O ciúme que queima é o mesmo que impele a cuidados. O olhar resvalador e sorrateiro de um dos amantes é o indício da análise petrificada da dor de se não cativar só para si a atenção. Olhar as ajudantes que passam… como arcam as partes profundas do ser e inebriam. Mas o olhar para a ajudante e para a atendente seria o mesmo olhar? A escuridão de um quarto de hotel seria a mesma escuridão silenciosa e tensa de uma palavra mal proferida num momento de estresse profundo: - Chega! Cinco letras capazes de cortar e emudecer os seres que se amam. O vento do mar que agita os cabelos é o mesmo vento suave que embala o choro num ônibus vazio e repleto de ausência, talvez o mesmo veículo repleto de amor e safadezas. O riso fácil das pessoas que se amam converge, conspira para uma felicidade maior, quem sabe a tal da felicidade clandestina tão introspectiva de Clarice Lispector. Uma felicidade clandestina em um relacionamento que muitas vezes se mostra clandestino. E talvez seja apenas o nosso destino, ou apenas o destino de quem se ama, pois o amor suporta tudo, suporta até os absurdos, suporta a sonoridade reinante num quarto que explode em risos recheados de sentidos: audição e olfato. A poesia também conspira. Ah, como conspira. Principalmente quando ela, a poesia, disfarçada apenas de literatura, é colocada como parâmetro para o amar ou não amar. Quem consegue amar mais que a literatura? O que sentiria um dos amantes ao ouvir: te amo mais que a própria literatura, mais que poesia. O som da poesia no universo, no reino dos livros soa muito mais agradável que o som de aviões que levantam voos… a propósito, aeroportos são paradoxos… neles há felicidade e tristeza, agonia, melancolia, mas também há a alegria. Cada momento é um descortinar diferente. A alegria da chegada, a ânsia da chegada é esquecida com a dor da partida, separação… os aviões são bons e maus, assim como tudo na vida. O Largo num feriado distante quase uniu, mas o destino é caprichoso e um passou pelo outro enquanto um desdenhava e outro fumava maconha, ou não! Que loucura!!! Agora dá para saber o que Drummond queria dizer quando afirmou: “eita vida besta, meu Deus!”, mas também podemos pensar: eita vida boa, meu Deus… tudo é válido, até o que não vale nada. “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”.
Por: Edi Souza

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