quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O paradoxo da religião


Uma grande parcela da população mundial se move em função dos preceitos fundamentados nas diferentes religiões ou crenças. Neste contexto, pode-se observar a importância da religião nas ações humanas. Um misto de adoração, contemplação, visão deturpada de tantos quesitos de suma importância para a vida terrena.

Muitas batalhas que se travam no mundo, muitas mortes têm a raiz em teorias religiosas. O fanatismo leva pessoas a cometerem atrocidades em nome de uma fé, em nome da sua religião. Isso é prova inconteste que a religião é uma faca de dois gumes. Por um lado, deve-se levar em conta que teoricamente todas as ramificações, todas as crenças, em suma, pressupõem-se, devem ser pautadas em valores capazes de elevar o espírito, fomentar bons atributos nos seres humanos, ou seja, fundamentadas no amor ao próximo, nas virtudes de cada indivíduo.

No entanto, se a raiz de tudo deve ser o amor, por que tantas mortes em nome de um Deus que deveria ser um ícone de benevolência, perdão, misericórdia? Há algo que se perdeu no meio do caminho? Neste aspecto, é importante ressaltar que muitos modelos religiosos funcionam como uma forma de toldar pensamentos e ações. Empregam-se como um freio ao ser humano, não o deixam livre para traçar seu próprio caminho. Colocam a figura de um ser onipotente revestido do poder do universo para punir aqueles que eventualmente se afastem da senda da retidão. Até mesmo o conceito de céu e inferno é uma forma de falar às pessoas: “Cuidado, você com esta atitude que desagrada a Deus, queimará no inferno…”; “continue no caminho da retidão, respeitando e obedecendo, sem se rebelar e você terá a vida eterna”… estas são frases conhecidas em meios religiosos e servem para incutir o medo natural do ser humano em ser castigado. Mas onde está a escolha que temos? A liberdade de cada um?

Somos livres. E a religião, quando vista de forma arcaica, sem reflexões sobre suas infindas metáforas, interfere nesta nossa liberdade. Não devemos nos guiar por preceitos religiosos, devemos fazer com que sejamos de verdade um templo. Não é correto agir de forma a agradar aos outros e de forma que não nos agrade, temos que pensar em nós, nas nossas vidas, no nosso universo particular. Na maneira como encaramos a vida e os aspectos dela. Uma pessoa que se diz extremamente religiosa deveria incutir valores em si, mas percebe-se neste meio que muitos seguidores de diferentes denominações religiosas são verdadeiros perseguidores, preconceituosos e cheios de maldade. Insultam aqueles que no conceito deles não se enquadram nos princípios morais. Mas quem são eles para julgar? O preconceito é uma atitude boa? A intolerância se faz presente nos diferentes meios religiosos e serve como uma forma de cegar os seguidores. A ignorância se apodera de muitos adeptos. Há a falta de racionalidade.

É preciso que todas as pessoas tenham liberdade, mesmo as que não querem seguir a nada. Todos têm direito a expressar sua crença ou sua descrença, mas é preciso respeitar a visão de cada indivíduo. E jamais se esquecer de observar que a fé é para muitos uma forma de aceitação, comodismo e manipulação, além de ter se tornado há muito tempo um setor muito lucrativo.

Por: Edi Souza

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