segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O temível Mauer


"Terrível! Esta fronteira de pedra ergue-se... ofende/ os que desejam ir para onde lhes aprouver/ não para um túmulo de massa/ um povo de pensadores."

Volker Braun, 1965

Uma terra dividida… a mesma pátria assolada pela segregação. A mesma nação como se fosse duas. O terrível Muro de Berlim foi construído na madrugada de 13 de agosto de 1961, quando alemães despertaram sob o barulho de soldados colocando uma enorme cerca de arame e caminhões chegavam lotados de materiais como cimento e tijolos. Era a personificação da barreira física entre o os simpatizantes do regime socialista soviético e o mundo ocidental.

O muro tinha proporções gigantescas: dele faziam parte 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas eletrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para cães de guarda. Tal estrutura provocou a morte a 80 pessoas identificadas, 112 ficaram feridas e milhares aprisionadas nas diversas tentativas de atravessar e ir ao encontro da sua própria liberdade. O Mauer, como os alemães o chamam, também era o símbolo máximo da Cortina de Ferro, além de ser uma vergonha mundial.

Após 28 anos de existência, no dia 9 de novembro de 1989, há exatos 20 anos, o muro começava a cair, sob olhares voltados para a liberdade, para uma vida mais digna. As pessoas do leste puderam ver a dignidade existente no lado ocidental e perceber os anos de atraso no desenvolvimento do seu lado da Alemanha. Mas, acima de tudo isso, puderam vislumbrar uma vida diferente, puderam sem a presença do Mauer enxergar o horizonte.

A liberdade é a principal forma de construção de uma nação de verdade. A imposição do poder gera conflitos e descontentamentos, é preciso se ter condições de vida, é preciso ter o poder de decisão. Apesar de modelos falhos no ocidente dominado pelo capitalismo, ainda há que se acreditar que é a melhor maneira de construirmos um mundo melhor.

São 20 anos sem a presença da vergonha mundial chamada Muro de Berlim. Que todos os muros, todas as divisões possam ser quebradas marteladas a marteladas… no mundo toldado pela democracia que fazemos parte é necessário que outras barreiras tão sólidas quanto o Mauer sejam derrubadas também: as diferenças, o preconceito, a discriminação… vivamos sem muros… principalmente sem os muros internos que não deixam que vejamos o horizonte.

Por: Edi Souza

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