sábado, 10 de abril de 2010

A metáfora perfeita


A vida se equipara ao descortinar do mundo. Se percebermos as estações do ano, podemos fazer alusão aos momentos pelos quais passamos no decorrer de nossa trajetória por este mundo. Quantas vezes já lemos esta afirmação, mas colocando de forma diferente dos pensamentos que venho a tecer neste momento, pois muitos afirmam que a vida se divide em quatro etapas: na primeira, tudo são flores, vemos o desabrochar da vida, do mundo à nossa face e contemplamos, extasiados pela beleza, mas complacentes sem darmos a importância devida a tudo que nos cerca, esta é normalmente entendida como o nosso nascer à infância ou até a pré-adolescência; a segunda, fase quente, período das descobertas, principalmente as descobertas mais importantes, aquelas que dizem respeito a nós mesmos, neste momento o calor de querer mais cós invade, buscamos viver tudo ao mesmo tempo sem prestarmos, mais uma vez, atenção ao que está ao nosso lado, esta fase reflete a nossa juventude, depois chega-se à terceira estação e o outono nos invade, nos tornamos mais centrados, menos empolgados com as descobertas anteriores, mais atarefados e, inadvertidamente, sem tempo para o que há de importante verdadeiramente, e por fim, nos percebemos, rápido demais, na quarta e última estação… é chegado o inverno… e a velhice do ser humano reflete a frieza e o distanciamento com que cada um passa a ser tratado, muitas vezes por si mesmo, pensando apenas naquele longínquo verão, cheio de vida…

A vida se equipara sim às estações do ano, esta é uma metáfora perfeita, mas o que se faz realmente importante é percebermos que estas estações podem conviver perfeitamente dentro de nós, podemos resgatar a beleza e a pureza da infância agregando-a ao calor dos arroubos da juventude, o descomprometimento com um amanhã, a irresponsabilidade sadia de nos preparamos para o hoje, para o agora… isso pode conviver perfeitamente com o enraizamento, com o excesso de pensar e muitas vezes lentidão no agir, na falta de tempo e com o culminar da experiência adquirida com o passar por todas estas estações, por todos estes momentos.

Faz-se importante que saibamos viver e agregar estes momentos dentro de nós mesmos, ou seja, precisamos entender que as estações se apresentam dentro de nós em todos os dias de nossa vida. A vida é feita de momentos, de fases… umas boas, outras nem tantos, umas inesquecíveis outras que preferimos esquecer, umas intensas outras rasas, sem sentido. Em um mesmo dia podemos viver as quatro estações… podemos deixar florescer em nós cada uma delas… podemos despertar o desejo de vivermos mais e mais, admirando cada pedacinho do mundo que se oferece para nós e o aproveitarmos em sua integridade, aprendermos com ele e deixar que ele nos conduza também…

É preciso sermos nós mesmos, darmos vazão ao nosso sentir, ao nosso querer, ao nosso viver…

Por: Edi Souza

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