quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A febre do confronto

Foto do confronto de quarta-feira, 19, em Paranaguá 
Drummond diria simplesmente “tinha uma pedra no meio do caminho, no meio do caminho tinha uma pedra”, outros mais pessimistas podem dizer: “há um intransponível obstáculo no meio do caminho”, alguns, quem sabe, podem afirmar, “há rosas no meu caminho, só me incomodo com os espinhos, mas não impedem minha caminhada”, mas aquele pequeno grupo falou (ou pensou) outra coisa: “há viaturas no meio do caminho, no meio do caminho existem muitas viaturas…”.
É, futebol é recheado de fatos, acontecimentos inusitados, pois é vetor de sentimentos, ânimos exaltados, nervos à flor da pele, coisa de paixão mesmo. No Brasil, muita gente tem mais paixão pelo futebol e sua equipe do coração que seu próprio parceiro ou parceira, sua cara metade, a qual perde feio para o esporte bretão. Mas o fato é que após uma partida de futebol, quando não dá o tão insosso empate, há sempre o vencedor e o vencido, e quem em sã consciência não quer tirar uma casquinha? Tirar uma onda em cima da torcida adversária?
E isso se repete de estádio em estádio, de cidade em cidade. Mas numa dessas ocasiões, o embate era entre o Rio Branco de Paranaguá e o Paraná Clube, time da capital paranaense, em jogo válido pelo campeonato estadual. E não é que o clube do litoral aprontou para cima dos representantes paranistas? Pois é, um resultado de 2 x 0, mesmo com equipes com baixo desempenho, mas a torcida compareceu e depois do jogo, ah, nada melhor que uma cervejinha com amigos. Ao apito final do árbitro, os torcedores derrotados que chegaram em Paranaguá de ônibus e aqueles que vieram com seu próprio automóvel foram escoltados pela polícia até a rodovia para seguir viagem a Curitiba, mas um pequeno grupo em dois carros resolveu dar uma ‘esticadinha’ e tomar umas…
Ah, que ação impensada… se os caras fossem da paz, tudo bem, mas resolveram quando voltaram para pegar os veículos, mexer com os camaradas riobranquistas que estava numa lanchonete no segundo andar de um prédio (astúcia deles, pois imaginaram que os parnanguaras não desceriam para a tradicional ‘porrada’) e estavam certos, realmente eles não desceram, mas o que se ouviu de alto abaixo foram impropérios impossíveis de serem reproduzidos neste espaço, pois o decoro impede…
Um xinga daqui que te xingo de lá… e sinais manuais cheios de significados quanto à masculinidade de uns e de outros, ofensas morais, de cunho desportivo, agressões mútuas… quando acreditei que os ‘elegantes’ paranistas iriam embora, pois estavam dentro do carro andando lentamente pelo estacionamento em direção à saída, muitos com metade do corpo para fora do carro para continuar mostrando dedos aos parnanguaras enfaticamente, eis a surpresa… não sei de onde, nem de que forma, mas assim do nada surgiram algumas viaturas. Sei que três eram da Guarda Municipal e mais duas da Polícia Militar. As primeiras barraram o caminho dos torcedores curitibanos e automaticamente os homens da lei desceram dos carros e deram ordem para que todos saíssem do carro.
Até eu dentro do meu, estacionado a cinco metros do ocorrido saí. Os caras foram revistados no mínimo por 15 minutos, os policiais não deixaram de verificar nada. Deram a busca pessoal e também nos automóveis e tudo sob aplausos e euforia dos parnanguaras que assistiam a tudo de camarote, lá no segundo andar do prédio…
Realmente este grupo encontrou diversão após a derrota paranista, a sorte era que não havia nada no automóvel, porque voltar do estádio no camburão, com carros apreendidos seria a complementação da vergonha de sair da capital e vir assistir à derrota e sair mais derrotado que o próprio clube.
Após estes episódios, nada melhor para este grupo de torcedores assistirem aos jogos e, na sequência, ir para casa e tomar sua cerveja na própria cidade, sem xingamentos e provocações, afinal há viaturas no meio do caminho e os amigos da lei estão prontos para agir e o parnanguara que não é bobo nem nada, prontíssimo para tirar uma casquinha.

Um comentário: