domingo, 1 de março de 2009

Vinícius, o poeta de Eros


Vinícius de Moraes, um grande poeta, conhecido no meio literário como “o Poetinha”, nos deixou grande legado literário, soube como ninguém cantar o amor, nos mostrar as diferentes facetas em que o sentimento maior da humanidade se manifesta. Entender Vinícius é chegar perto da dimensão que o amor nos oferece. Eis a literatura a serviço do entendimento de nós mesmos, a serviço de compreendermos o que de real acontece em nosso meio, a nossa volta… a literatura é a arte que nos molda, nos remete a universos distantes, mesmo aqueles que se encontram dentro de nós. Tão perto e tão distantes, ela dá vida aos nossos anseios, desmistifica, nos apresenta a nós mesmos. Poeta eterno, aqui uso este espaço para reverenciá-lo... Vinícius, meu amigo, Vinícius a quem recorro em tantos momentos para por meio de seus versos encontrar tantas respostas e muitas, mas muitas novas perguntas.

Eu não existo sem você

Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham pra você.

Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
Eu não existo sem você.

Vinícius de Moraes

Um comentário:

  1. Se o tema é grandes amores e literatura, gostaria de deixar a minha contribuição, em uma espécie de releitura sobre o papel da personagem Manuela Sáenz no livro "O general em seu labirinto", do genial Gabriel Garcia Marquez. Como ele bem diria, "só a literatura salva".

    histórias extra-oficiais

    O amor de fugas perpétuas

    Por Fernanda Nascimento

    Chegou tarde. Aquela carta verdadeira, a derradeira, era a última. Simón Bolívar estava morto e Manuela Sáenz mais sozinha do que nunca. O amor pelo qual vivia definitivamente se foi.

    Manuela Sáenz viveu oito anos ao lado do general, tornando-se sua maior confidente. Correu léguas atrás do conquistador de mundos, do Libertador, daquele que morreria sozinho e desacreditado por parte da população pela qual lutara, em uma cabana em Santa Marta na Colômbia,. Correra atrás do seu homem.

    Ela, bem sabia que ele não era só seu. Os anos de convivência ensinaram a compreender suas nuances, seus silêncios. Manuela era astuta, indômita, de uma graça irresistível e sempre conseguia tudo que queria. Quando ele viajava milhares de quilômetros em guerras sem fim por Bolívia, Venezuela e Colômbia, ela arranjava permissão para segui-lo, mesmo sabendo do rastro de conquistas amorosa que o general deixava pelo caminho.

    Segundo José Palácios, o mordomo que o acompanhou a vida toda, a quantidade de mulheres na vida de seu senhor era grande: “Pelas minhas contas 35, fora as passarinhas de uma noite só”, disse uma vez ao amo. Ele confirmara e em uma das poucas confissões aos amigos afirmou: “Ficavam todas (as principais mulheres em sua vida). Manuela mais que as outras”. O comentário sutil demonstrou o quanto a peruana de Quito era importante em sua vida.

    Apesar de não comentar seus casos amorosos nem com os grandes amigos, Bolívar teve uma vida que, pouco ou nada, tinha de privada. O grande homem, mesmo sem perceber tornava pública suas brigas por ciúmes, explosões de ódio e ternas capitulações típicas dos grandes amores, principalmente ao lado da charmosa e inquieta Manuela.

    Ela conheceu o general em um baile em Quito, ainda casada. Seguia-o, andando vestida como um soldado, usando loções de militares e fumando cachimbos fedidos, mas que davam a sua voz a sonoridade de que tanto gostava Bolívar nas noites e penumbras do amor.

    Nos anos em que Simón Bolívar foi presidente da Colômbia, a primeira-dama (que nunca chegou a ser oficial) utilizava de seus encantos para descobrir conspirações. Salvando-o de um assassinato certa vez.

    Em suas andanças atrás do general levava consigo suas escravas, seus onze gatos, sete cachorros e três micos educadamente treinados para proferir obscenidade, além dos papagaios que xingavam em três línguas distintas os inimigos do governo. Com o general fora do governo e metido em guerras, eram suas as pichações nos muros insultando os que ousavam falar mal de Bolívar, assim como eram seus os escândalos e cartas nem tão anônimas em favor do Libertador.

    Depois de tantas aventuras, Manuela recebeu desoladamente a notícia de que Bolívar não estava bem, a milhares de léguas de seus braços quentes e suas palavras doces. A eterna andarilha tentou segui-lo mais uma vez, mas já não havia a quem seguir. Troteando a cavalo partiu quieta e sozinha, já não havia mais por quem lutar.

    Abraço minha querida

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