terça-feira, 6 de outubro de 2009

"Algumas discrepâncias"


O Brasil possui inúmeras crianças vivendo em estado de miséria. É público e notório o fato que muitas sofrem em virtude da falta de assistência adequada, cuidados, e tantos outros critérios assegurados por lei, pois de acordo com as leis voltadas aos menores, é evidente que cabe aos responsáveis fornecer subsídios capazes de promover o desenvolvimento integral da criança. Neste contexto, podem-se ser citados aspectos como: saúde, educação, segurança, lazer, ou seja, direito a um lugar saudável para o seu crescimento.

Duas reportagens em um mesmo veículo de comunicação chamaram a minha atenção hoje. Na Folha do Litoral, jornal diário desta cidade, em uma página foi noticiado o fato de uma criança de apenas dois anos ter sido encontrada fora do convívio familiar. A mãe, vinda de Curitiba, abandonou a criança aos cuidados de uma conhecida e simplesmente seguiu o rumo de sua vida indo trabalhar em boates da cidade. Após três meses do ocorrido, denúncias chegaram ao Conselho Tutelar, o qual, como é seu dever, foi averiguar. Ao chegar, o quadro dantesco: a menina, lembrando que se trata de uma menor indefesa de apenas dois anos de idade, estava cheia de sarna, com a cabeça repleta de pus, tamanha deve ter sido a coceira que acometeu esta menina.

Outro fato encontrava-se em páginas anteriores: um rapaz de Curitiba está tentando adotar uma menina, no entanto, em virtude dele viver uma relação homoafetiva, foi impedido pela Justiça sob a alegação que isso só poderá se efetivar após a criança completar 12 anos, estiver ciente da situação em que viverá e puder optar por ser criada em um lar diferente dos padrões considerados normais. Há que se ressaltar que este casal homoafetivo tem condições financeiras, psicológicas e emocionais favoráveis à criação de qualquer criança.

Temos então duas situações: uma mãe que abandona uma criança indefesa à sorte do mundo, sem assistência e afirma, categoricamente, que não quer a criança e um casal disposto a dar todo tipo de atendimento a uma outra criança, ou seja, fornecer um lar de verdade.

O que há de errado nas adoções por homoafetivos? São pessoas capazes de amar incondicionalmente, como qualquer outro ser humano. Com a ressalva que, certamente, as crianças não serão abandonadas à própria sorte, tendo seus dias de infância, de brincadeiras, cortados por fatores que causam sofrimento, angústia e solidão, pois eles escolheram, optaram por adotar, auxiliar e dar condições de vida a um menor. Além disso, não permitir a adoção ou combatê-la como se observa em tantos setores sociais sob argumentos de confundir as crianças e expor os menores à ridicularização ou preconceito é, em suma, uma forma de preconceito também. O triste nesta história é que a Justiça prefere deixar a criança sem lar, sem carinho, sem amor, sem família a colocá-la em um lar homoafetivo, no qual encontrará apoio e tranquilidade para buscar viver a própria vida e quem sabe tentar ser feliz.

Por: Edi Souza

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