domingo, 23 de maio de 2010

As discrepâncias da Copa


“O Parque Kruger, no nordeste do país, é a maior reserva natural da África. Em 2006, um consórcio ganhou a licitação para a construção de um estádio na entrada do Kruger, na cidade de Nelspruit. Entre as exigências do grupo, estava a de que engenheiros e trabalhadores especializados fossem instalados em locais onde a luz e os aparelhos de ar-condicionado estivessem garantidos. A única edificação em condições era uma escola primária de uma favela perto da obra. O governo da província não teve dúvida: há três anos a escola abriga o alojamento dos trabalhadores. As crianças foram transferidas para salas de aula provisórias, em contêineres de alumínio sem ventilação ou janelas.

Com colunas cor de laranja que lembram girafas gigantes, o estádio de Nelspruit custou 140 milhões de dólares. Palco de quatro dos 64 jogos, ele será usado por apenas seis horas durante a Copa. E dificilmente conseguirá depois lotar seus 46 mil lugares.

(…)

A FIFA rechaça a pecha de elitismo. Argumenta ter reservado 174 mil ingressos a serem distribuídos entre jovens pobres e operários que trabalharam nas obras da Copa…”

Revista Piauí, Maio

O maior evento esportivo do mundo está prestes a ser realizado. E desta feita será num país de contrastes: riquezas para pequenos grupos, novos ricos surgindo e muitos pobres e miseráveis sem assistência governamental ou de qualquer outra esfera.

Há inúmeras favelas na África do Sul e como em todas as favelas as carências e necessidades são muitas, incontáveis.

Para se realizar um evento como a Copa do Mundo, é necessário um investimento exorbitante. A estrutura que atenda às exigências da FIFA são muitas e caras.

A reportagem da revista Piauí deste mês faz uma análise profunda do evento e ressalta o contraste entre as camadas sociais. E deixa claro o que o mundo vai ver durante a realização do evento: riqueza, ou seja, o mar de miséria será envolto por belas imagens. Onde estarão os pobres da África durante o evento?

Outro aspecto interessante é o investimento em áreas e estruturas que serão verdadeiros elefantes brancos. A população não terá acesso a estes estádios e outras edificações.

Para que se gastar tanto em um evento de poucos dias quando diariamente as pessoas passam necessidades, fome, falta de condições básicas e dignas de moradia e de vida?

Infelizmente, há a questão dos desvios de verbas, do enriquecimento ilícito, da promoção pessoal e governamental. E o povo? É só um detalhe, deixe-o com o circo, pois sempre é tratado como palhaço mesmo.

Por: Edi Souza

3 comentários:

  1. Isso me lembra muito bem o governo Garotinho/Rosinha.... em Campos ele mandou os mendingos para o Rio de Janeiro e qdo eles viera governar aki eles fizeram o inverso..... isso se chama MAQUIAGEM POLÍTICA e é isso que está acontecendo na África.
    Me pergunto...Será que os representantes da FIFA não tem vergonha de "deixar" países como a África, participar de um evento tão caro assim? CONSCIÊNCIA EXISTE?

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  2. A FIFA com vergonha? claro q não. os cofres estão cheios e está fazendo o papel dela, problema é de quem paga...

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  3. A matéria da Piauí é uma das melhores já feitas pela revista, e esse é um comentário de quem leu todas as matérias feitas em quase três anos de revista. E sobre os cartolas da Fifa, é óbvio que não estão nem aí para qualquer coisa que nao seja negociatas para conseguir mais dinheiro. Belo texto, vale a leitura sobre os bastidores da cartolagem futebolística.

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