terça-feira, 22 de março de 2011

"Todo amor é eterno. Se não é eterno, não era amor..."

Nelson Rodrigues: criador de grandes personagens femininas

Na década de 1940, o dramaturgo e jornalista, Nelson Rodrigues, conheceu glórias e crivos de censura. Teve algumas obras proibidas, foi perseguido pelos censores da ditadura, mas não parou de produzir em virtude disso. Uma das formas de produção deste grande autor brasileiro foi por meio de folhetins. Em um deles, sob comando de Freddy Chateaubriand, sobrinho de Assis Chateaubriand, criou-se o pseudônimo Suzana Flag. Uma “escritora” que produzia na redação de um jornal diário sentada sobre um balde de lixo virado de boca para baixo, e era nada mais nada menos que o próprio Nelson Rodrigues, escrevendo como se fosse uma mulher.
Nesta linha, o grande dramaturgo autor de “Vestido de Noiva”, segundo os críticos uma revolução no teatro brasileiro, criou a história “Meu destino é pecar”, assinada por seu pseudônimo, ou seja, Suzana Flag. Assim, nesta época, surgiu a frase que evidencia a sintonia de Nelson com a alma feminina, a sinestesia que havia entre ele e as mulheres, pois ele foi um criador de tipos femininos, explorou a alma da mulher e soube, com poucos, desfilar sentimentos e esperanças sob várias nuances, “todo amor é eterno. Se não é eterno, não era amor”…
Tal pensamento tem tudo a ver com o cenário rodrigueano. É sensível e crível, assim como as mulheres são sensíveis e creem neste amor, assim puro, assim forte, assim autêntico, assim vencedor. O verdadeiro amor dura para sempre, mesmo quando todos o supõe acabado, coisa de passado, enterrado, ele se mostra em pequenos gestos, em pensamentos, em aflições, em angústias, em medos, em isolamentos, em solidões, em olhares perdidos…
Um amor de verdade não acaba. Ele realmente vive para sempre. Mesmo ocultado pelas sombras, mesmo ocultado pela rudeza dos seres humanos que se fazem fortaleza para não explicitar seus reais sentimentos, ele está lá, quieto, calmo, mas constante na eternidade de instantes, na fugacidade de momentos divididos, na serenidade de um sorriso.

Por: Edi Souza

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